Empreendimentos imobiliários guiados pelo urbanismo valem mais

O futuro dos empreendimentos imobiliários está na capacidade de criar valor duradouro para as pessoas e para a cidade. Para isso, o setor privado deve entender o urbanismo como estratégia, e não apenas como um requisito regulatório. Afinal, projetos que pensam a cidade aumentam sua própria resiliência: atraem moradores e negócios, reduzem a vacância e tornam o ativo menos vulnerável a ciclos econômicos. 

É no diálogo entre urbanismo e mercado que surgem empreendimentos mais modernos, sustentáveis e capazes de atrair investimentos para seu entorno. Quando arquitetos e poder público conversam desde as primeiras fases, surgem soluções como edifícios de uso misto e integração com o transporte público que elevam a atratividade residencial e comercial. Bairros que combinam moradias, lojas e escritórios, por exemplo, tornam a região mais dinâmica, pois cria demanda contínua por serviços e alimentação ao longo do dia, e não apenas em horários pontuais. Participei de uma Missão Técnica na Europa em 2024 e fiquei impressionado com as soluções para o mercado de moradia em Copenhagen, na Dinamarca, e Malmo, na Suécia, lugares onde o urbanismo foi pensando para a integração máxima entre as pessoas. 

A presença de áreas verdes é um aspecto decisivo para os novos empreendimentos. Hoje, apenas 6,9% das áreas urbanas do Brasil têm cobertura vegetal, segundo o MapBiomas, o que representa cerca de 283,7 mil hectares (quase metade do território do Distrito Federal). A recomendação técnica da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana é de, no mínimo, 15 m² de área verde por habitante, acima da média nacional, que fica em 13 m². Parques, praças e jardins têm a função de reduzir ilhas de calor, melhorar a drenagem das chuvas, favorecer a biodiversidade urbana, além de oferecer espaços para a socialização.

Os consumidores têm reforçado essa tendência. A pesquisa da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC) com a Brain Inteligência Estratégica, realizada com 14 mil brasileiros, aponta que 57% preferem imóveis com espaços arejados e integrados à natureza, e 56% dizem estar dispostos a pagar mais por soluções sustentáveis ou tecnologias verdes. Esses números mostram uma nova prioridade: conforto térmico, qualidade do ar, iluminação natural e uma vista verde passaram a integrar a equação de compra.

Empreendimentos mais sustentáveis, como os que usam sistemas de energia renovável e materiais de baixo impacto, atraem linhas de crédito melhores, investidores que avaliam critérios ESG e compradores dispostos a pagar mais pela previsibilidade de despesas. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), projetos sustentáveis podem alcançar até 20% mais valor frente aos convencionais, um sinal claro de que a responsabilidade ambiental virou vantagem competitiva. 

Todos esses dados revelam que pensar loteamentos é também pensar a cidade. Quando os empreendimentos incluem usos diversificados, preservação ambiental e espaços de convivência, ativa-se um ciclo virtuoso de atração de pessoas, fortalecimento do comércio local e ampliação de serviços, o que transforma o território em algo mais autossustentável. A criação de valor está, portanto, na forma como cada projeto se insere na malha urbana, contribuindo para cidades mais equilibradas. Uma ótima solução para quem compra e para quem vende.

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